WWW: de onde veio, o que significa e por que ainda aparece nos endereços dos sites

 

World wide web/ Reprodução: Gemini 


Quando digitamos “www” antes de um domínio, muitas vezes repetimos um hábito que nasceu junto com a própria Web. 

A sigla significa World Wide Web – a malha mundial de documentos ligados por hipertexto – criada por Tim Berners-Lee no CERN, em 1989, para facilitar o intercâmbio de informação entre cientistas.

 Nos primeiros anos, a Web era só mais um serviço da Internet, ao lado de FTP, e-mail ou Gopher, e por isso ganhou um identificador próprio.

O primeiro servidor e o surgimento do prefixo

O endereço inaugural da Web foi info.cern.ch, hospedado num computador NeXT que ficava embaixo da mesa de Berners-Lee e entrou no ar em agosto de 1991. 

Ali havia explicações sobre o projeto, exemplos de link e instruções para instalar o software em outras máquinas. 

Pouca gente percebeu o feito naquele dia: os navegadores ainda não existiam fora do CERN e o sistema só se popularizaria dois anos depois, com o Mosaic.

A prática de anteceder sites com “www” nasceu quase por acaso. 

A equipe planejava colocar o projeto num subdomínio chamado www.cern.ch, mas acabou deixando tudo em info.cern.ch

Mesmo assim, a ideia de reservar “www” para páginas Web pegou: outras instituições copiaram o modelo e, em pouco tempo, a comunidade assumiu que o servidor de páginas ficaria nesse subdomínio, do mesmo modo que ftp.exemplo.com servia arquivos ou mail.exemplo.com cuidava de correio eletrônico.

O que “www” faz – e o que não faz

Tecnicamente, “www” é apenas um nome dentro do Sistema de Nomes de Domínio (DNS).

 Não altera protocolo nem segurança: quem decide isso é o prefixo http ou https

No entanto, separar o site principal num subdomínio traz vantagens operacionais.

 Ele permite, por exemplo, isolar cookies; se eles estiverem vinculados a www.dominio.com, não serão enviados a loja.dominio.com, reduzindo tráfego e aumentando privacidade. 

Também simplifica o uso de registros CNAME, espelhamentos ou balanceadores de carga, pois o domínio “raiz” (exemplo.com) possui restrições no DNS que não afetam subdomínios.

Padronização dos endereços

Enquanto o hábito de usar “www” se espalhava, o IETF formalizava a sintaxe dos endereços na RFC 1738, de dezembro de 1994, descrevendo o que hoje chamamos de URL.

 Nesse documento, o esquema http:// identifica o protocolo, e a sequência que vem depois aponta para um host — que, por convenção, costumava assumir o nome “www”. 

Nada na norma obriga esse uso; ele virou tradição graças à clareza que trazia numa época de muitos serviços paralelos na mesma rede.

Por que ainda o vemos com tanta frequência

Nos anos 2000 algumas empresas deixaram de exibir o “www” para encurtar links, mas mantiveram redirecionamentos por compatibilidade. 

Outras preferem continuar exibindo, quer por coerência histórica, quer pelas facilidades técnicas já citadas. 

Em todos os casos, trata-se de uma escolha de configuração no servidor ou no provedor de DNS. 

O importante é que o domínio principal e o subdomínio “www” respondam ao mesmo conteúdo ou redirecionem de forma consistente, evitando problemas de SEO ou de cache.

Conclusão

“www” é um resquício visível dos primeiros passos da Web. 

Surgiu como uma etiqueta para indicar “aqui há páginas hipertexto”, num tempo em que FTP ou e-mail eram igualmente populares. 

Ficou porque ajudava a distinguir serviços, resolver detalhes de cookies e alinhar registros de DNS, e porque milhões de links já o utilizavam. 

Hoje não é obrigatório; é apenas um lembrete histórico de que a Web começou como mais um programa na grande rede — e acabou se tornando o rosto mais familiar da própria Internet.

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