Banco de dados relacionais/Reprodução:Gemini |
Quando você cria uma conta num aplicativo, faz uma compra on-line ou simplesmente curte uma foto, esses dados não ficam soltos na internet; eles são gravados em um banco de dados relacional.
Esse tipo de sistema organiza informações em tabelas, usa a linguagem SQL para fazer perguntas (“qual é a senha deste usuário?”) e garante que números, textos e datas permaneçam íntegros mesmo com milhares de acessos simultâneos.
Entre os nomes mais populares nesse universo estão MySQL, MariaDB e PostgreSQL, todos de código aberto, mas com histórias e perfis ligeiramente diferentes.
MySQL, o pioneiro que virou padrão de fato
MySQL nasceu em maio de 1995 pelas mãos de Michael “Monty” Widenius, David Axmark e Allan Larsson, na pequena empresa sueca MySQL AB.
O objetivo era oferecer um servidor rápido e fácil de administrar para sites escritos em linguagem de script, que começavam a explodir na época dos primeiros portais comerciais.
A fórmula deu tão certo que o banco passou a acompanhar quase todos os painéis de hospedagem e, em 2008, foi comprado pela Sun Microsystems; dois anos depois, a Sun foi adquirida pela Oracle.
Hoje o projeto continua livre e gratuito na edição Community e mantém versões corporativas paralelas, a mais recente sendo a série 8.3, publicada em 2024.
MariaDB, o “filho” que decidiu andar com as próprias pernas
Quando a Oracle assumiu o controle do MySQL, parte da comunidade temeu que futuras inovações ficassem presas a licenças pagas.
Para garantir independência, o próprio Monty Widenius liderou um “fork” em 2009: copiou o código-fonte público, batizou o projeto de MariaDB em homenagem à filha mais nova e fundou uma fundação para mantê-lo 100 % aberto.
Desde então o MariaDB evolui em ritmo próprio, mas preserva alta compatibilidade: na maioria dos casos basta trocar o executável para que um site PHP volte a rodar normalmente.
A versão estável atual é a 11.4, sustentada até 2029, com melhorias de performance e recursos como clusters Galera integrados.
PostgreSQL, a linhagem acadêmica que virou referência em robustez
PostgreSQL — muitas vezes chamado só de “Postgres” — teve origem universitária. O professor Michael Stonebraker iniciou o projeto POSTGRES em 1986 na Universidade da Califórnia, Berkeley, para pesquisar ideias além do SQL clássico, como regras, herança e tipos de dados extensíveis.
Em 1996, o código foi rebatizado como PostgreSQL para sinalizar compatibilidade plena com SQL.
A comunidade nunca parou: hoje o banco implementa índices avançados, replicação nativa e suporte a JSON, tudo sob a licença liberal PostgreSQL.
A linha principal encontra-se na versão 17.5, lançada em maio de 2025, e continua famosa pela confiabilidade em cargas críticas — de grandes bancos a redes sociais — sem custos de licença.
O que eles têm em comum
Os três programas falam SQL, rodam em Windows, macOS e Linux e podem ser instalados gratuitamente.
Em essência todos recebem conexões de aplicativos, executam consultas, fazem cópias de segurança e oferecem usuários com permissões diferentes.
Escolher um ou outro costuma depender do ecossistema: MySQL e MariaDB aparecem por padrão em hospedagens compartilhadas e combinam bem com linguagens como PHP; PostgreSQL brilha quando o projeto precisa de tipos geográficos, dados semiestruturados ou transações mais complexas.
Por que entender essas opções faz diferença
Para quem está começando a desenvolver, saber que o “banco” não é um bloco único ajuda a planejar melhor: se o site exige migração futura, MariaDB oferece uma ponte sem dor com MySQL; se a meta é processar relatórios gigantes ou dados geoespaciais, PostgreSQL talvez economize meses de trabalho.
E como todos são abertos, o estudante pode instalar no próprio computador, estudar o fluxo de leitura e escrita e observar, com comandos simples, como as tabelas se relacionam.
Como colocar a mão na massa
A instalação não foge do padrão “baixar, next, finish” em Windows ou apt install
em distribuições Debian.
Cada servidor cria um serviço que inicia junto com o sistema e um usuário administrativo — root no MySQL/MariaDB e postgres no PostgreSQL.
A partir daí você abre um terminal, define uma senha e começa a criar bancos, tabelas e consultas.
Ferramentas gráficas como MySQL Workbench, HeidiSQL ou pgAdmin tornam tudo ainda mais visual, mostrando colunas, índices e estatísticas sem digitar código.
Conclusão
MySQL deu o pontapé que popularizou a web dinâmica; MariaDB preservou essa simplicidade com independência comunitária; PostgreSQL cresceu como a alternativa para quem precisa de recursos empresariais sem abrir mão do código livre.
Entender a trajetória e as forças de cada um é o primeiro passo para escolher o motor que melhor guarda — e protege — as informações do seu próximo projeto.