HTML, javascript, css/Reprodução:Gemini |
Desde que modelos generativos começaram a escrever trechos inteiros de código, muita gente concluiu que dominar HTML, CSS ou JavaScript teria se tornado dispensável.
A conclusão é tentadora — mas não resiste ao contato com os números e, principalmente, com a prática diária de quem vive da web.
Nos últimos doze meses, o volume de páginas ativas na internet ultrapassou 190 milhões, dentro de um universo de mais de um bilhão de sites registrados..
Ou seja: há mais páginas novas on-line hoje do que havia sites, no total, em 2010.
A manutenção, o redesign e a otimização contínua dessa massa não são tarefas que possam ser terceirizadas integralmente para um prompt.
Ao mesmo tempo, o Departamento de Estatísticas do Trabalho dos EUA projeta que as contratações de desenvolvedores web e designers digitais crescerão 8 % entre 2023 e 2033 — ritmo superior à média de todas as ocupações.
A pesquisa confirma a tendência vista nos relatórios de recrutamento global: mesmo quando a IA escreve código, empresas ainda precisam de profissionais capazes de inspecionar, refatorar, pensar arquitetura, garantir segurança e dialogar com times de marketing ou produto.
É fato que os autocompletes inteligentes já geram cerca de 41 % de todo o código novo — nada menos que 256 bilhões de linhas produzidas só em 2024.
Mas a mesma fonte ressalta que o ganho de produtividade só se concretiza quando existe alguém com fundamento suficiente para revisar cada trecho, adaptar-lhe o estilo e evitar vulnerabilidades.
Reportagem recente da Business Insider sintetiza o dilema: tarefas triviais podem, sim, ser automatizadas, porém “engenheiros seniores continuam apoiados no know-how que não cabe nos modelos” — testes, QA, DevOps, acessibilidade, integração com legados. (businessinsider.com)
Se a inteligência artificial pode acelerar o aprendizado, a lógica por trás das tags não deixou de ser pré-requisito.
Dominar a tríade HTML-CSS-JavaScript encurta o caminho até frameworks modernos, permite decifrar bugs produzidos pelo modelo e, sobretudo, libera o criador para ir além do template engessado: performance fina, design inclusivo, animações que reforçam a identidade da marca.
Quem estuda criação de sites também ganha fluência para plugar APIs de modelos de linguagem, hospedar playgrounds de IA no próprio domínio, vender micro-SaaS ou criar extensões pagas — possibilidades que exigem ir além do “gerador automático” e entender infraestrutura, pipelines de build e políticas de cache.
Por tudo isso, investir tempo em web development não é remar contra a maré tecnológica. É garantir lugar no timão: usar a IA como motor de popa para tarefas repetitivas, enquanto o pensamento crítico — aquele que se aprende mexendo diretamente no código — continua direcionando o barco.